De olho em projeções positivas, setor sucroenergético retoma investimentos em canaviais
De olho em projeções positivas, setor sucroenergético retoma investimentos em canaviais
Aportes focam principalmente variedades mais produtivas de cana-de-açúcar
Foto: Unica / Delcy Mac Cruz
Crescem os investimentos em canaviais no Brasil. O avanço é ancorado nas previsões de aumento da demanda por açúcar e mesmo por etanol, principais produtos da cana-de-açúcar.
Os aportes em áreas canavieiras são iniciativas de fornecedores e de companhias sucroenergéticas e, conforme apuração do blog Fenasucro, há pelo menos 10 desses investimentos em fase inicial ou em implantação.
São novos canaviais que estarão disponíveis a partir da safra 2026/27 que, na região Centro-Sul, começará oficialmente em abril de 2026 e, no Norte e Nordeste, terá início oficial em setembro do próximo ano.
Mais cana não significa só crescer área
Sim. Conforme apurado pelo blog, a expansão de oferta de cana-de-açúcar não significa necessariamente ampliar os canaviais em novas áreas.
Isso porque as empresas, incentivadas pelas projeções de mercado, investem também em variedades de cana mais produtivas e que, assim, conseguem plantas com produtividade em menor área na comparação com variedades menos produtivas.
Ganho de 2 toneladas - Em linha com isso, pesquisa da empresa Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), divulgada em janeiro último, destaca que o emprego de variedades mais novas de cana podem incrementar o rendimento da lavoura e permitir ganhos de 2 toneladas de açúcar por hectare.
Além disso, o manejo correto pode trazer ganhos adicionais de 14% na produtividade.
O estudo do CTC, que também comercializa variedades, é feito com base na plataforma de benchmarking, com mais de 175 usinas participantes e representa 80% da moagem da região Centro-Sul.
Retomada de área - Fora variedades mais produtivas, o setor também investe em áreas canavieiras que, ao longo do tempo, foram substituídas por cultivos mais rentáveis que a cana.
É o caso da soja, que avançou em áreas tradicionais de cana do interior paulista.
Na safra 2023/24, por exemplo, a consultoria Datagro estimou que a área cultivada com cana deveria sofrer redução de 1,8%.
São essas áreas, próximas de canaviais e de usinas, que também são retomadas.
Exemplos de investimentos
O blog Fenasucro apresenta a seguir investimentos feitos em mais cana-de-açúcar.
Bahia Bio
Localizada em Lajedão (BA), a sucroenergética Bahia Bio planeja moer mais de 550 mil toneladas de cana na safra 2025/26.
Para a próxima, no entanto, prevê dobrar esse volume de cana processada por conta de investimentos de R$ 80 milhões feitos atualmente para modernizar a infraestrutura da usina.
A empresa tem área disponível para os aportes, suficientes para moagem de 2 milhões de toneladas por safra.
Usina Jacarezinho
Localizada no município de Jacarezinho (PR), a Usina Jacarezinho, do Grupo Maringá, decidiu ampliar sua área de plantio na entressafra (meses de janeiro a março) em 4 mil hectares.
Desse total, mil hectares são de fornecedores, destacou a empresa ao jornal Valor.
Atualmente, a usina é servida com 10 mil hectares, dos quais 60% são de fornecedores.