Valor bruto da produção de cana cresce 11,5% e vai a R$ 102,1 bilhões  

Valor bruto da produção de cana cresce 11,5% e vai a R$ 102,1 bilhões

 

Crédito da imagem: Divulgação

Nos últimos três anos, a produção de cana-de-açúcar registrou valorização de 11,5%. Em 2021, somava R$ 91,6 bilhões e, neste ano, deve chegar a R$ 102,1 bilhões. 

Os valores representam o Valor Bruto da Produção (VBP), índice de frequência anual calculado com base na produção agrícola e nos preços recebidos pelos produtores. 

Mensurado a partir de dados do IBGE e da Conab, do Ministério da Agricultura e Pecuária, o VBP é o principal termômetro do desempenho da atividade e exclui o processamento pela agroindústria. 

Em outras palavras: o índice soma a prática de produção e venda da cana, mas não a da fabricação do açúcar e do etanol.

Por sua vez, o saldo do índice no caso da cana-de-açúcar é positivo, mas há segmentos da pecuária que, mesmo com valores expressivos, podem fechar 2023 no negativo ante o ano anterior. 

Os bovinos, por exemplo, ameaçam encerrar o ano em queda de 7,2%, já que registraram VBP de R$ 153,1 bilhões em 2022 e tendem a encerrar dezembro com R$ 142,1 bilhões. 

Outro segmento com oscilação de queda é o de frango, com projeção de queda de 6,1% (R$ 97 bilhões em 2022 e R$ 91 bilhões neste ano). 

Avanço no ranking

O crescimento do VBP da cana também consolida a atividade sucroenergética como terceira no ranking das cinco principais lavouras. Ou seja, a matéria-prima do açúcar perde para a soja e para o milho, e supera o café e o algodão. Confira quem é quem (em bilhões de R$):

Vale lembrar que o VBP avalia o desempenho de 17 lavouras. E, no geral, elas deverão avançar 8,1% neste ano ante 2022, boa parte em função da valorização canavieira.

Confira o VBP das 17 lavouras entre 2019 e 2023:


 

GERAÇÃO DE EMPREGOS

A cana-de-açúcar é uma senhora geradora de empregos com 773 mil vagas diretas, conforme destaca a Unica, entidade representativa do setor, a partir de dados Rais 2017. 

Tem mais: esses empregos diretos estão espalhados, segundo a entidade, em 20% dos 5.568 municípios do Brasil. 

Ou seja, a atividade canavieira gera vagas diretas em pouco mais de 1 mil municípios.

Fora esse aspecto de inclusão social, a cana favorece o país em termos ambientais e oferece segurança energética. 

PESO DOS IMPOSTOS

Vale destacar que o setor sucroenergético como um todo (atividade canavieira e produtos) também ajuda, e muito, os caixas públicos. 

É que em termos de impostos para os caixas dos governos municipais, estaduais e federal o ecossistema do setor ampliou em 38% o recolhimento anual entre 2013 e 2021. 

Para se ter ideia, na safra de cana-de-açúcar 2013/14 a cadeia do setor respondia por US$ 10,9 bilhões em impostos por ano.

Já no ciclo 2021/22, esse montante subiu para valores que chegam a US$ 15 bilhões.

Em uma comparação, os US$ 15 bi de impostos pagos pelo setor representam 3% do PIB do agronegócio em 2021, avaliado em US$ 470 bilhões conforme levantamento do Cepea e em valor convertido pelo dólar de 15 de agosto de 2021.

Dimensão do setor

As projeções atualizadas sobre a carga de impostos incidente no setor foram feitas para esta plataforma da Fenasucro pelo economista e professor da FEA/USP Marcos Fava Neves.

Ele coordenou, ao lado de Vinicius Trombin, a equipe da empresa de consultoria Markestrat responsável pelo estudo “A Dimensão do Setor Sucroenergético - Mapeamento e Quantificação da Safra 2013/14”

Naquela oportunidade, o setor recolheu US$ 10,9 bilhões referente à safra de cana 13/14.

No caso, US$ 2,4 bilhões respondem por impostos nos elos iniciais (vendas de insumos agrícolas e nas vendas de equipamentos e insumos industriais). Já os demais US$ 8,5 bilhões são de impostos agregados à cadeia do setor (leia aqui mais a respeito).