Bioeletricidade cresce, mesmo diante cenário desafiador
Bioeletricidade cresce, mesmo diante cenário desafiador
Produção de energia elétrica da biomassa da cana-de-açúcar segue em alta
Imagem: Raízen / Delcy Mac Cruz
A bioeletricidade, como é conhecida a geração de energia elétrica a partir da biomassa de cana-de-açúcar, segue em alta.
Neste 2025, por exemplo, a fonte biomassa - da qual a cana responde por 80% - já instalou 512 megawatts (MW) novos e outros 255 MW deverão ser implantados até dezembro, totalizando 768 MW.
“É o terceiro melhor ano em instalação de MWs nos últimos dez anos”, destaca Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, entidade do setor sucroenergético.
Em que pese o avanço da bioeletricidade, ela tem pela frente um cenário desafiador.
Em entrevista ao blog Fenasucro, Zilmar de Souza destaca sobre esse cenário e as tendências para a bioeletricidade.
Confira:
Como está a bioeletricidade?
Zilmar de Souza: Nos últimos anos, temos observado um escasseamento dos leilões de energia nova promovidos pelo governo federal.
Ainda há uma descontratação importante das usinas cujos contratos estão vencendo no ambiente regulado.
Isso é preocupante, certo?
Zilmar de Souza: Trata-se de um cenário desafiador, mas a bioeletricidade continua expandindo e oferecendo uma energia renovável e estratégica para o país.
Como foi a oferta de bioeletricidade em 2024?
Zilmar de Souza: Em 2024, a bioeletricidade sucroenergética ofertada para a rede voltou a superar 21 mil GWh, algo que não ocorria desde 2020, mostrando que o setor sucroenergético continua com uma produção muito importante para o setor elétrico brasileiro.
Esses mais de 21 mil GWh foram equivalentes a 32% da geração anual da Usina Itaipu em 2024.
Qual é hoje a capacidade de geração da fonte biomassa?
Zilmar de Souza: Atualmente, a capacidade de geração da fonte biomassa em geral, que inclui as diversas biomassas, é de 18.008 MW, algo como cinco usinas do porte de Jirau.
E para este 2025?
Zilmar de Souza: Para este ano, a fonte biomassa já instalou 512 MW novos e deve instalar mais 255 MW até dezembro, totalizando 768 MW, o 3º melhor ano nos últimos 10 anos.
Significa que o investimento segue firme?
Zilmar de Souza: Isto mostra que o investimento em bioeletricidade continua como um todo, mesmo com os atuais desafios vividos pelo escasseamento dos leilões regulados e pela descontratação no ambiente regulado.
Quais as tendências?
Zilmar de Souza: O setor elétrico brasileiro está mudando em termos de novos produtos e serviços e na relevância dos ambientes de comercialização.
Temas relevantes como a geração distribuída, os Leilões de Reserva de Capacidade na forma de energia e potência e com Sistemas de Armazenamento são oportunidades para a bioeletricidade no ambiente regulado e devemos trabalhar para que essa fonte seja parte das soluções.
E o ambiente de mercado livre?
Zilmar de Souza: Já o ambiente livre continuará sendo o principal destino da bioeletricidade e seu fortalecimento institucional nos próximos anos.
Qual sua avaliação diante disso?
Zilmar de Souza: oportunidades e desafios conviverão lado a lado com a bioeletricidade nos próximos anos, como sempre tem sido.
Espera-se que a bioeletricidade continue surpreendendo a Sociedade Civil em termos de desempenho e importância na matriz energética brasileira.