Por que os biocombustíveis terão de esperar para serem misturados ao combustível de navios
Por que os biocombustíveis terão de esperar para serem misturados ao combustível de navios
Organização do setor adiou por um ano sessão que definiria medidas para reduzir emissões de carbono
Os biocombustíveis brasileiros terão de esperar mais um pouco antes de serem adotados como integrantes do combustível marítimo, o bunker.
A espera se dá porque a Organização Marítima Internacional (IMO) decidiu adiar a sessão extraordinária que iria decidir sobre a estrutura Net-Zero. Convocada para outubro último, a sessão será retomada dentro de 12 meses.
Estrutura Net-Zero: ela integra medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos navios em todo o mundo, com o objetivo de atingir emissões líquidas zero até por volta de 2050.
Por que é importante: a Estrutura compreende um conjunto de regulamentos internacionais que visam reduzir as emissões GEE dos navios. Inclui dois elementos-chave: um padrão global de combustível e um mecanismo global de precificação das emissões de GEE.
Biocombustíveis: etanol e biodiesel podem em parte ser adicionados ao bunker sem adaptações seja no combustível, seja nos motores. Essa mistura, conhecida como biobunker, tem o objetivo de ajudar a frota global marítima a reduzir sua pegada de carbono.
O que acontece agora: com o adiamento da sessão extraordinária, os Estados-Membros da IMO, segundo divulgação da entidade, “continuarão a trabalhar no sentido de chegar a um consenso sobre o Quatro Net Zero.”
Projeção mantida: apesar da postergação do encontro, as medidas já acordadas - redução de emissões de GEE - deverão entrar em vigor em 2027, quando serão obrigatórias para navios oceânicos de grande porte.
Detalhe: esses navios emitem 85% do total de emissões de CO2 do transporte marítimo internacional.
Diante disso, o etanol, uma vez adicionado ao bunker, ajudará a reduzir - e muito - as emissões de CO2 dessas embarcações.
De quanto serão essas reduções?
O emprego de etanol no combustível marítimo pode reduzir as emissões de CO2 em até 80% em uma rota padrão do Brasil para a Europa, conforme estudos preliminares da Raízen.
Enfim, a entrada do etanol no bunker é tema há anos discutido, e este blog da Fenasucro já publicou dois textos a respeito (leia aqui o primeiro e, aqui, o segundo).
Imagem: Thomas G na Pixabay
