Meta de redução de CO2 em navios abre novas oportunidades para o etanol

Meta de redução de CO2 em navios abre novas oportunidades para o etanol

Entidade do setor marítimo internacional começa a tratar da diminuição de pegada de carbono em outubro próximo

Imagem: Andy Li na Unsplash / Delcy Mac Cruz

 

A partir de outubro deste ano, deverão ser formalmente adotadas medidas para reduzir as emissões de CO2 no transporte marítimo internacional. 

Elas integram acordo anunciado em abril pela Organização Marítima Internacional (OMI) e abrem novas oportunidades de mercado global para o etanol. 

 

Como assim?

É que assim como acontece com a gasolina no Brasil, que tem a adição de 27% de etanol anidro, o bunker (combustível marítimo) também pode receber parte do biocombustível. 

 

Essa mistura, conhecida como biobunker, inclui etanol ou biodiesel ao óleo combustível tradicional com um objetivo: reduzir a pegada de carbono do transporte marítimo. 

 

Em termos comparativos, o etanol de cana chega a emitir 80% menos CO2 que a gasolina. 

 

No mais, a entrada do etanol no bunker é tema há anos discutido, e este blog da Fenasucro já publicou dois textos a respeito (leia aqui o primeiro e, aqui, o segundo). 

 

Próximos passos

 

A novidade, agora, é que as medidas de adoção de biocombustíveis entrarão, enfim, em prática. 

 

Conforme relato da IMO, as medidas do acordo de abril entrarão em vigor em 2027, quando serão obrigatórias para navios oceânicos de grande porte e com mais de 5 mil toneladas de arqueação bruta. 

 

Detalhe: esses navios emitem 85% do total de emissões de CO2 do transporte marítimo internacional. 

 

Diante disso, o etanol, uma vez adicionado ao bunker, ajudará a reduzir - e muito - as emissões de CO2 dessas embarcações. 

 

De quanto serão essas reduções?

O emprego de etanol no combustível marítimo pode reduzir as emissões de CO2 em até 80% em uma rota padrão do Brasil para a Europa, conforme estudos preliminares da Raízen. 

 

Aliás, a Raízen, que é joint venture entre Cosan e Shell, anunciou em 2024 acordo de descarbonização com a Wärtsilä, especializada em tecnologias marítimas, para avançar na redução de emissões a partir da aplicação do etanol como combustível marítimo (leia mais a respeito aqui). 

 

Potencial da demanda no Brasil 

Estudo da consultoria Hedgepoint destaca que o Brasil já possui papel importante na produção de biobunker. 

O país tem uma demanda potencial de 4 milhões de toneladas anuais de biocombustível marítimo, relata

Em litros, são 4 bilhões de litros, já que cada tonelada equivale a 1 mil litros. 

 

Como atender a demanda global

Há desafios pela frente. Em primeiro lugar, porque transportar etanol tem custos. Tome o caso da Europa, que por ano fabrica 8,5 bilhões de litros por ano. 

Com limitações de áreas e mesmo de tecnologias bioenergéticas como as do Brasil, os países europeus não terão como expandir muito a oferta. 

Assim, o setor de bioenergia propõe produções do biocombustível em países mais próximos dos grandes centros consumidores de biobunker. 

Mas esse é um desafio considerado bom, uma vez que, enfim, o biobunker entra de vez no radar global.