Por que a safra de cana do Nordeste deverá crescer, enquanto a do Centro-Sul será menor
Por que a safra de cana do Nordeste deverá crescer, enquanto a do Centro-Sul será menor
Uma das explicações está na estiagem prolongada e nas queimadas que afetaram os canaviais do Centro-Sul
Foto: Raízen / Delcy Mac Cruz
O setor de bioenergia registra situações diferentes. De um lado estão as usinas de cana-de-açúcar da região Centro-Sul, responsáveis por 90% da produção nacional, que amargam quebra no processamento da matéria-prima do açúcar e do etanol.
De outro estão as usinas das regiões Norte e Nordeste, cuja safra, prevista para acabar em março próximo, deverá registrar crescimento de moagem de cana.
Qual o motivo dessas situações diferentes?
A estiagem prolongada de 2024 afetou seriamente o agronegócio da região Centro-Sul, assim como também atingiu os canaviais.
Depois, entre agosto e setembro últimos, parte dos municípios canavieiros da região registraram queimadas.
Seja no caso da estiagem, seja no das queimadas, o resultado é a perda de produtividade.
Ou seja: se consegue bem menos açúcar ou etanol na comparação com a cana ‘sadia.’
Em muitos casos, devido às condições, é melhor produzir só etanol com a matéria-prima.
Tem mais: a cana queimada exige processamento quase imediato.
Diante de tais combinações, a realidade é que entre abril, quando começou oficialmente a safra 2024-25 a até 1º de dezembro, a região Centro-Sul chegou à moagem de 602,94 milhões de toneladas, volume 2,75% inferior à 619,97 milhões de toneladas de igual período do ciclo anterior.
Os dados são de levantamento da Unica, entidade do setor de bioenergia.
Situação sem condições de ser revertida
A questão é que a safra canavieira da região Centro-Sul oficialmente segue até 31 de março próximo, mas a maioria das usinas encerrou as operações em dezembro.
Sendo assim, a cana disponível foi toda processada ou parte dela ou foi danificada ou ficou para ser colhida no ciclo 2025-26.
E por que a safra do Norte/Nordeste deve crescer?
Quem acompanha o blog Fenasucro sabe que, já em agosto de 2024, publicamos conteúdo que apostava em otimismo para o ciclo em andamento na região Norte/Nordeste.
Uma das explicações é a de que a temporada de chuvas ajudou no crescimento pleno dos canaviais.
Em agosto, em entrevista ao blog, Renato Cunha, presidente-executivo da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), estimava em alta de 3,5% na oferta de cana-de-açúcar em Pernambuco.
O otimismo se dá pela previsão de chegada de chuvas entre dezembro e janeiro, devido ao fenômeno climático La Niña, que costuma provocar incidências pluviométricas na região.
Em entrevista ao blog Fenasucro, Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, destaca que a oferta de cana no Norte e Nordeste pode chegar a 63 milhões de toneladas.
Esse montante é 4 milhões de toneladas acima da moagem apurada na safra 2023-24, encerrada em julho último.
O motivo da alta é a boa frequência de chuvas, afirmou.
Resultados promissores
Os dados da safra no Norte/Nordeste, que vai até março, são promissores.
Em relato com informações de até o fim de outubro, as usinas das regiões Norte e Nordeste moeram 27 milhões de toneladas, alta de 2,6% em comparação a igual período do ciclo anterior.
Com esse aumento, cresceu também a produção de etanol hidratado (motores flex) e de açúcar, relata a NovaBio.
Quais estados do Norte/Nordeste têm usinas
Produzem cana três estados do Norte (Amazonas, Pará e Tocantins) e oito do Nordeste (Pernambuco, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia). Número de usinas em operação nesses estados: 57.